Publicações
Em construção
Em construção
A partir da reflexão de alguns autores africanos acerca da importância da memória, da oralidade e da fala para os processos de manutenção da tradição histórica de seus povos, utilizando como instrumento uma proposta metodológica baseada na fala e na escuta, este trabalho tem como objetivo analisar os aspectos relacionados à importância da memória e da oralidade em destaque no Episódio 1 do Podcast Vidas Negras, da Rádio Novelo, apresentado por Tiago Rogero, com ênfase para os trechos em que a escritora carioca Eliana Alves Cruz explica o processo de criação do seu livro Água de barrela, que conta a história da árvore genealógica de sua própria família.
Partindo da percepção de que os universos literários fabulados pelo escritor Eduardo Spohr possuem características estéticas (e formais) extremamente atrativas ao gosto do nicho nerd e do fato de que o livro de estreia deste autor tornou-se sucesso de forma praticamente instantânea no dia de seu lançamento, este trabalho tem como objetivo analisar a forma como o episódio Nerdcast 80: A Batalha do Apocalipse explorou o potencial de alcance do podcast junto ao seu público habitual a fim de impulsionar as vendas da primeira tiragem do romance A Batalha do Apocalipse: da queda dos anjos ao crepúsculodo mundo.
Eduardo Spohr, desde o lançamento de seu primeiro romance, vem emplacando um bestseller atrás do outro. Considerando isso, por meio da investigação das técnicas adotadas na composição das narrativas, das influências para a criação do universo ficcional de suas obras e do marketing utilizado, este trabalho apresenta uma síntese da forma como os livros de Spohr se consolidaram como fenômenos de vendas e de aceitação do público. Nessa perspectiva, defende-se aqui que, para além da padronização das técnicas narrativas, este sucesso está estreitamente relacionado à exploração midiática dessas obras no nicho da cultura nerd, bem como à sua germinação no âmbito dos jogos de RPG.
A partir da percepção de pontos em comum entre a prática dos Role Playing Games (RPG de mesa) e a literatura de ficção, este trabalho apresenta um estudo crítico-comparativo de algumas interseções conceituais e práticas inerentes às práticas culturais em questão. Para tanto, são considerados os livros de referência de Dungeons and Dragons e de Tormenta. Além disso, no que diz respeito ao entendimento dos conceitos relacionados à literatura, serão acionados autores como Anatol Rosenfeld, Jonathan Culler, Arnaldo Franco Júnior e Assis Brasil. Mais especificamente, este estudo tece algumas breves considerações teóricas sobre os conceitos de RPG de mesa – uma modalidade de jogo que permite aos participantes a criação de uma história, curta ou longa, marcada por eventos e conflitos vividos e resolvidos pelos próprios jogadores –, com foco no Mestre – que funciona como uma espécie de coordenador da campanha jogada – e no Player – que tem a função de criar (ou desenvolver) o personagem e guiá-lo na campanha. Ademais, discute-se os principais pontos de convergência e/ou de confluência percebidos nesta interseção entre o RPG e as narrativas de ficção. De modo geral, o trabalho aqui desenvolvido constatou que é possível estabelecer, sim, pontos de contato tanto entre aspectos teóricos quanto práticos relacionados ao RPG de mesa e a literatura. A partir disso, considera-se que este estudo pode ser utilizado como um ponto de partida interessante para estudantes de licenciatura e professores que eventualmente ou sistematicamente desejem tornar suas aulas mais lúdicas e dinâmicas a partir da inserção do RPG de mesa como ferramenta didático-pedagógica, tanto para a compreensão dos preceitos teóricos e práticos da literatura quanto para os estudos de outras disciplinas.
Este trabalho consiste em uma análise crítico-reflexiva dos romances A céu aberto (1996) e Lorde (2004), ambos do escritor gaúcho João Gilberto Noll. Mais especificamente, tendo por referência as considerações de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer e algumas considerações de Sigmund Freud acerca da relação entre sujeito e sociedade, esta pesquisa pretende sondar a relação dialética entre razão e mímesis no processo de constituição das personagens dos dois romances supracitados. De maneira geral, a obra de Noll é caracterizada por traços recorrentes bastante singulares, sobretudo no que diz respeito ao que alguns críticos denominam de processos de experimentação com a linguagem. Contudo, dentre sua experimentação, o fator menos ortodoxo, certamente, diz respeito à caracterização de seus personagens-protagonistas. Estes não apresentam traços físicos ou psicológicos convencionais. Pelo contrário, tais traços são, na maioria dos casos, distorcidos e fragmentados, tornando-os confusos e, até, mutáveis ao longo das narrativas. É, justamente, sobre isso que este artigo se dedica, buscando analisar, aí, em que medida esse processo de subjetivação (ou, melhor dizendo, de dessubjetivação) de tais personagens não podem ser compreendidos à luz dos revezes da razão instrumental nos contextos sócio-históricos em que se passam os romances (a guerra em A céu aberto, o capitalismo multinacional e multicultural em Lorde). A seleção desses dois romances se justifica por acreditarmos que, neles, a abolição de fronteiras entre diferentes sujeitos é radicalizada a ponto de as personagens se metamorfosearem em outras. Frente a isso, defende-se, aqui, que a ambiguidade da escrita de Noll, gerada, sobretudo, pela forma como os personagens-protagonistas são caracterizados, seria, então, uma tentativa de rompimento com certos mecanismos repressores, projetando novas configurações do sujeito e, com efeito, de vida social. Mas, dado que sua obra raramente acena a uma concepção utópica de sujeito e de sociedade (de fato, dá-se, em geral, o contrário: seus personagens não conseguem qualquer redenção), esta tentativa se daria tanto (ou mais) no nível da própria linguagem.