Sou Professor Permanente Nível V na SEEC/RN e atualmente estou cursando Doutorado em Estudos da Mídia pelo PPgEM/UFRN e 2ª Graduação em História pela SEDIS/UFRN. Em 2016, tornei-me mestre em Literatura Comparada pelo PPgEL/UFRN. Tenho formação inicial de graduação em Letras Português, Inglês e respectivas literaturas também pela UFRN (2011). Integro ativamente o Grupo de Pesquisa DESCOM - Insurgências Decoloniais, Comunicação, Artes e Humanidades - e o GEMINI - Grupo de Estudos de Mídia - Análises e Pesquisas em Cultura, Processos e Produtos Midiáticos - , ambos da UFRN, além de colaborar com o L.A.M.A. - Laboratório de Análise de Música e Audiovisual -, grupo vinculado ao PPGCOM-UFPE. Atuei em projetos de pesquisa sobre as relações entre literatura, cultura e sociedade, com foco na ficção brasileira contemporânea. Porém, na atualidade, nutro maior interesse pelos estudos de mídias sonoras (com ênfase para podcasts e audiolivros), por literaturas afrocentradas e afrofuturistas e por epistemologias decolonias e contracoloniais em afroperspectiva. Como escritor, participei da coletânia "Raízes e histórias: contos de resistência e resiliência" (CJA, 2025), com os contos "As águas sagradas do Gargalheiras" e "O menino que nasceu pelos pés".
Nasci em Acari-RN. Foi lá que, depois de meter os pés em vez da cabeça no mundo, descobri que eu era um menino que sabia das coisas. Mas do que isso, fui vendo que, quanto mais eu sabia, mais saber eu queria e mais eu queria saber. Foi de sabência em sabência que fui sendo levado para o meio do mundo pelas vozes que eu ouvia (na escola e nas esquinas) e pelos textos que eu lia (nas esquinas e na escola). Deste lá de onde eu venho (é importante frisar), o mêi do mundo (como se diz para ser ouvido melhor) é pra onde vai os meninos com frivião nos pés, os maluvidos, os que fazem tudo que não tem cabimento. Eu sempre fui um desses meninos que só vivia no mêi do mundo (parece que tô escutando Dona Mariana do finado Chico Paulo dizendo isso com sua voz de timbre agudo e vibrante ao mesmo tempo). Fiz de tudo o que não prestava, mas sem deixar de ser um orgulho para minha mãe. Competitivo e sempre com um rei na barriga (hoje sei que era Xangô), quase nunca deixava seu ninguém tirar uma nota mais alta do que a minha na escola. Com 10 anos, quando computador no sertão era quase tão raro quanto um dinossauro, ganhei um curso de informática ao lado dos outros três colegas mais estudiosos da sala. Aí foi que deu a gota serena mesmo. Parecia que aquele ritual da primeira aula (ligar estabilizador, gabinete e monitor e desligar na ordem inversa) estava me transportando para um outro planeta. Um universo em que aquele Neguim dos Dentão, aquele Besouro do Cão, aquele Tiçãozinho podia ser tudo o que ele conseguia imaginar dentro de sua cabeça que não se desligava nunca. Fico agora imaginando o que ele teria imaginado se naquela virada de milênio (o ano era 2000) a máquina que por meses o seduzia uma hora e meia por dia duas vezes por semana tivesse o poder de viajar no tempo. O que ele sentiria ao se ver 25 anos depois como pai de dois filhos que o enchem de orgulho, como esposo da mulher mais linda do mundo, como professor concursado, com um teto seguro sobre sua cabeça, podendo comer tudo que tiver vontade (mesmo não devendo fazer isso, rsrs), com vários diplomas na parede e com outros na iminência de chegar. Nesse exercício de temporalidade espiral, vejo-o aqui do meu lado e sinto tanto, mas tanto orgulho do quanto ele foi forte para superar tantas portas fechadas, para enfrentar tantas dores, tanto sofrimento. Foi essa resilência que me fez. E desta feita, eu faço (e me faço de) palavras.